sábado, 17 de novembro de 2007

Pra não passar em branco: Chicago.


Nem a Daniele Winits conseguiu destruir Chicago. E olha que não foi por falta de tentativas. Só de lembrar daquela mulher desafinando como poucas péssimas atrizes são capazes de desafinar eu já tenho calafrios. Eu não queria estar no lugar de qualquer um dos músicos da fantástica Orquestra Chicago e ter o estorvo da interferência dissonante da voz daquela mulher atrapalhando a execução do Jazz Sagrado de John Kander. E olha que ainda assim a Orquestra Chicago fez valer a produção inteira.

Ver a coreografia de Bob Fosse é arrepiante. Eu tive a sorte de sentar com o nariz no palco, pude ver cada detalhe de mão, cada olhar. Porque - pelo menos - as protagonistas não foram capazes de destruir a coreografia. É de uma sacanagem tão requintada. É uma putaria de bom gosto. Ashoshiquérrimo.

Sobre as protagonistas. Adriana Garambone é muito melhor do que Daniele Winits. Adriana Garambone não é boa. Já dá pra imaginar o quanto a outra é péssima, né? Mas a Adriana Garambone canta - pelo menos - corretamente. Daniel Boaventura reinava absoluto como a estrela do elenco. Agora, vamos combinar, entre dois fracassos fica fácil ser destacado como sucesso. Mas o Daniel, apesar de exageros, mostrou que é ator de musical. Selma Reis estava super caricata. E o público foi apresentado ao talento de Jonatas Joba, que a partir deste espetáculo garantiu sua presença nas próximas grandes produções de musicais no Brasil. Nando Prado começava a despontar participando do ensemble. Um dos contrastes da produção foi justamente o fracasso das protagonistas e o sucesso do ensemble.

Só pela Orquestra Chicago, já valeu o ingresso. Ouvir 19 músicos numa Big Band, com som de altíssima qualidade, tudo acústico, e ainda com a participação deles nas cenas foi emocionante. Miguel Briamonte - o maestro da Orquestra Chicago - pôde fazer um trabalho livre da falsidade dos sintetizadores (tão utilizados nos musicais com orçamento apertado), e fez com honra.

Chicago esteve em cartaz no Teatro Abril em 2004.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Tony 2007 - Spring Awakening


O prêmio já aconteceu há um bom tempo, mas vale a pena registrar, afinal o Tony é a maior premiação do teatro americano.

"Spring Awakening" levou o prêmio de melhor musical. Indicado a 11 Tonys, este musical "pop" trata - como o nome já sugere - do despertar da sexualidade na adolescência. Como todos podemos ver, um tema e tanto (...).

É um musical bem diferente do "Razzle Dazzle" que a Broadway está habituada. Mas isso não quer dizer que ele seja bom. Spring Awakening saiu de um espetáculo de Frank Wedekind, lá da Alemanha e traz consigo um realismo pretendido nos temas (sexo, homossexualidade, aborto, masturbação) no texto cheio de palavrões e na música pop. Pop e barata. Vejam o musical "Mamma Mia" que só tem músicas do Abba e percebam o que é um musical pop com músicas boas. Algo bem diferente de Spring Awakening.

O pouco que eu vi e ouvi deste espetáculo foi de dar sono. O pior da produção fica por conta da composição das músicas. Um pop barato, ruim, e mais do que fácil: óbvio. Tá certo que é um espetáculo sobre adolescência, mas até quem gosta de "High School Musical" merece um pop melhorzinho.

Cadê a modernidade de Spring Awakening? Não sei. O tema é batido, a música é pop, e a abordagem tem a mesma ótica "veja como é ser adolescente porque você já foi um". Tudo isso eu já vi em outros lugares. Todo grupo de teatro de adolescentes já fez alguma peça igual.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Brasileiro também gosta de musical.

É certo que ainda a produção de teatro musical no Brasil é minúscula. Apesar de produções grandiosas, são pouquíssimas e estão presas nos grandes centros. Não temos escolas especializadas nesta arte, e os profissionais da área são selecionadíssimos. A produção de teatro musical no Brasil aos poucos se descobre como uma mina de ouro pronta para exploração.

Para que tenhamos idéia de o quanto ainda estamos em estado embrionário, se considerarmos o "boom" das superproduções de musicais importados da safra atual, várias destas aconteceram em um único teatro: o Teatro Abril, em São Paulo. Não há como pensar em Broadway no Brasil sem lembrar dele.

Segue um breve resumo da atividade do Teatro Abril logo após as reformas que o prepararam para grandes produções:


Les Misérables (2001)
Da novela de Victor Hugo.
Composição de Claude-Michel Schönberg, letras de Herbert Kretzmer.

O grande público conhece talentos como Alessandra Maestrini, Marcos Tumura, Sara Sarres, Saulo Vasconcelos entre outros.


A Bela e a Fera (2002)
Do clássico da Disney.
Composição de Alan Menken.
A vez de Kiara Sasso e Daniel Boaventura.


Chicago (2004)
Do revival da Broadway.
Composição de John Kander, letras de Fred Ebb.
Miguel Briamonte se revela como "Maestro dos Musicais" comandando uma big band, o destaque da produção.

O Fantasma da Ópera (2005)
Do livro de Gaston Leroux.
Composição de Andrew Lloyd Webber.
2 anos de temporada e sucesso de público. De público. (...)


Miss Saigon (2007)
Composição de Claude-Michel Schönberg
Baseado na ópera Madame Butterfly.
Musical desconhecido pelo público acostumado com o "fácil" Fantasma.
Marcos Tumura confirma seu lugar de estrela das super-produções.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Estréia.


Depois que se toma assento, e está tudo na penumbra, dá pra ouvir o som vindo do fosso. São os músicos se aquecendo para o início do show. Soa o último alarme, cai toda luz, e o espetáculo começa: este momento é mágico. Porque será que os musicais têm tanta magia? Que truque é esse que faz a música nos mostrar histórias tão envolventes e tão medíocres?

Estréia Clique Broadway. O Blog dos musicais. Uma revista em português sobre os detalhes interessantes das produções internacionais e também sobre os musicais brasileiros. Um espaço para opinião, discussão e conhecimento sobre esta arte que cresce cada vez mais no Brasil.

Seja bem vindo!